Crônicas de um pegador de ônibus

Como vocês sabem, eu e a fêmea a qual chamava de namorada terminamos. O que vocês, acéfalos, não sabem é o motivo pelo qual nós terminamos. Se tem um motivo pelo qual eu nunca me aproximei muito de uma religião, é para não ficar fissurado nela que nem MUITAS pessoas – me refiro diretamente aos crentes, beijos. Eu sempre achei esse tipo de gente deprimente, e continuo achando. Acontece que a mãe da Nathie é crente. E a Nathie também, mas isso nós abafamos. E sabe como é, né. Namorar é coisa do capeta, beijar é coisa do capeta, conhecer pessoas é coisa do capeta, internet é coisa do capeta e namorar e beijar pessoas que você conheceu pela internet é coisa DE TODOS OS CAPETAS POSSÍVEIS E IMAGINÁVEIS JUNTOS.

Por isso que eu e a fêmea terminamos, pelo fato de que, se ficássemos juntos, a sogra ia comer nossas bundas e, como todos nós sabemos, em uma relação heterossexual só uma pessoa pode ter a bunda comida. Mas nos tratamos como antes, continuamos ficando e todo aquele tró-ló-ló de namoro ainda estamos vivendo, só que nós somos moderninhos demais pra namorar. Se eu a chamar de namorada sem querer, me corrijam.

Dai hoje eu fui buscar a fêmea na escola. Assim que ela me viu, falou instantaneamente, com todas as palavras e fonemas “NÃO QUERO QUE VOCÊ ESCREVA SOBRE ISSO NO BLOG”. Desculpe.

Tudo começou quando eu saí de casa e me dirigi ao ponto do busão que é na esquina da minha rua. E foi aí que começou a putaria. Claro, se a história envolve a mim, há de ter algum tipo de putaria. É a lei.

Lá, vi uma mina daquelas morenas, de barriga de fora, shortinho híper curto. Sabe, igual às outras milhões de cariocas humildes – e com humilde eu quero dizer “pobre”, mas com certeza vai vir um babaca dizer que sou preconceituoso – que você vê por aí. Ela tava chorando. Sua barriga, era daquelas que se bate um ventinho só pára – eu sei que não tem mais acento, mas foda-se – de balançar meia hora depois. Foi por isso que eu notei ela. O que dá na cabeça de uma mina GORDA por uma camisa que mal cobre os seios? E então, eu vejo um moleque sentado no banco do ponto roendo unha e olhando ao léu. Depois vem a menina, senta do lado dele, rola uns papinho rolanabunda e ela começa a gritar “AGORA TU VAI TERMINAR COMIGO?! AGORA? TEM CERTEZA?! SOCA A MINHA BARRIGA, Ô VIADO, SOCA! AGORA SOCA O TEU FILHO!” enquanto dava murros na cabeça do moleque. Foi de fato constrangedor ficar ali, mas era a único ponto.

Até que, depois de meia hora naquele calor infernal vendo uma grávida de, no máximo, 20 anos terminar com o macho alfa, me aparece o bendito busão – 621. Assim como espinhas no dia do encontro com a namorada, brotaram milhões de velhos no ponto fazendo sinal para aquele busão. Um velho com sacolas cheias de compras, a outra sem uma perna e a outra MUITO velha. E eu ali, 14 anos na cara, fazendo sinal pro busão. Preciso dizer que o cara passou RETO, sem nem pestanejar? Até que, assim como dinheiro na hora de pagar o cinema pra namorada, todos os velhos sumiram instantaneamente, me deixando sozinho no ponto com a grávida e o calor. Depois de meia hora, passa outro 621. Quando esse parou, deu vontade de dar um beijo no motorista, mas aí eu pensei: “este filho da puta não tá fazendo mais do que o trabalho dele” e passei reto.

Pra vocês terem uma idéia, nesse busão, eu passo por 2 favelas: Mangueira e Manguinhos. A de manguinhos eu só passo do lado, dá pra ver o tráfico, os caras fumando, os fuscas pegando fogo, mas não passo LÁ DENTRO especificamente. Já na mangueira, eu passo DENTRO DELA, bem no meio. Se vocês tiverem ligado o jornal nacional essa semana, vocês vão ver que os caras na mangueira simplesmente TÃO PONDO FOGO NOS BUSÕES QUE PASSAM LÁ. E agora, eu lhes pergunto: Adivinha AONDE ficou engarrafado?

Yep. Na mangueira.

Mas foda-se, passei vivo – por pouco. Mais um tempo no busão e eu solto em frente à casa da jéssica, meu refúgio até dar o horário da saída da fêmea. Eu e Raphael nos encontramos na frente do prédio dela e entramos. Lá tava um povin batuta – Thiago, o 22co master e a Érica – “estudando”. HahahHHAHAHAAHHAHahaHahaH estudando. Isso é pra fracos. Enquanto eles estudavam, raphael, honrando suas raízes, deitou na cama da menina, pegou o travesseiro dela, ligou o DVD no máximo e ficou, de perna aberta, assistindo ao Concerto para Bangladesh do George Harrison. Depois de um tempo ainda pediu, muito cara-de-paumente, se a menina não descolava “um biscoitinho” pra ele, já que “tinha batido uma fome do cacete”.

Quando deu 17:00 a gente teve que seguir o caminho da roça, já que a Jéssica tinha coisas mais importantes do que dar atenção aos seus amigos desamparados e tal. Tínhamos uma hora e meia para rodar o bairro mais perigoso do rio de janeiro. O que nós fizemos? Andamos que nem dois retardados conversando sobre alienação religiosa LOlOLOlOlOl. Chegamos na rua da Nathie. Nos entreolhamos, bateu aquele frio na barriga de “e se a mãe dela vê a gente? Vai puxar um facão!” e, como bons aventureiros que somos, decidimos atravessar a casa dela. Depois demos meia volta e fomos pra BEM longe. Paramos num desses boteco de esquina, compramos um joelho desses que vem uma refeição inteira, sacas? Parecia que o cara pegou uma pizza, bateu no liquidificador e colocou dentro do joelho. Mas tava bom pra caralho. Amo o raphael por ter pago o joelho e a coca pra mim. ❤ Dai a gente foi pra escola da nathie, que também é consideravelmente longe e ficamos conversando com o cara que vende doce ali em frente. Ele me deu um Big Big de graça e contou histórias de como ele comprava prostitutas na adolescência.

O cara é muito gente boa, mas é o tipo de gente que você olha e fala “NUNCA quero ser assim”. Mora de graça nos fundos de uma delegacia, as roupas que usa são doações de amigos e o dinheiro que tem, ganha vendendo doce em porta de escola. Dai começou a encher e a gente teve que ir até a porta lá da escola. As meninas aparecem, dão um agudo FENOMENAL – maior do que o do Sebastian Bach e, rapaz, É FODA – e abraçam a gente. Conversamos aquele papinho rolanabunda e, cada um com suas respectivas fêmeas, nos separamos e as acompanhamos até em casa. Aí é que começa a parte mais temça da parada. A mãe da nathie não podia me ver com ela, óbóvio. Então, assim que nós chegamos na rua, eu tinha que fingir que simplesmente NÃO CONHECIA A NATHIE e andava olhando pro vento. No final da rua, me escondia num restaurante que tinha lá até ela falar com a mãe, pegar o material do curso e tal. Depois ela aparece, me puxa pelo braço e começa a andar rápido. Chegamos no curso, dou um selinho e ela vai embora. Agora fodeu.

COMO DIABOS EU VO SAIR DALI?

A questão é a seguinte, eu tinha que ir até o CM (Colégio Militar a.k.a. Caminho Maldito), atravessar ele todo e andar até o fim de uma rua para chegar no ponto final. A questão é que, pra chegar no Colégio Militar, eu tinha que andar VÁRIAS ruas ENORMES que eu simplesmente NÃO SABIA QUAIS ERAM. E se tem uma coisa bonita na tijuca é que, além de TODAS AS RUAS SEREM IDÊNTICAS, elas são enormes. Uma rua na tijuca, não é só uma rua da tijuca. Ela começa na tijuca, mas só vai terminar dois, TRÊS bairros depois. E eu me perdi nessas ruas. Dai eu pensei “bem, eu entro nessa rua aqui da casa da nathie, viro pra direita e… pera aí… ESSA NÃO É A RUA DA NATHIE!”. Só percebi isso quando já tava lá no quinto dos infernos – viu, estou revendo meu palavreado. Normalmente, falaria “puta que pariu”. Passei 25 minutos andando num calor de quarenta graus. Peguei o ônibus num sinal. Acho que o cara ficou com pena de mim, pingando de suor, ofegante e com o mp3 sem bateria. 😦

13 Respostas to “Crônicas de um pegador de ônibus”


  1. 1 Raphael Pena 10/02/2009 às 4:11 pm

    tu só tinha que andar por 2 ruas pra ir pro ponto final @_@

  2. 2 Almeida 10/02/2009 às 10:11 pm

    @Raphael

    Seriam duas ruas se eu não tivesse me perdido. 😦

  3. 3 nathie 10/02/2009 às 10:58 pm

    se fodeu. rs

  4. 4 Almeida 10/02/2009 às 11:19 pm

    @nathie

    mas minha bunda não foi comida.

  5. 5 Pedro 10/02/2009 às 11:48 pm

    Andar na Tijuca nem é tão difícil ):

    Boa sorte com a mãe da sua pgt, ela parece dose D:

  6. 6 Caio T. 11/02/2009 às 1:37 am

    Espero que sobreviva à mãe dela, man. O:

  7. 7 jess 15/02/2009 às 1:26 am

    só um lembrete pro thiago quando ele olhar esse post aqui, pra avisar que o meu comentário foi feito no dia 14/02 , às 23:26

  8. 8 Dani 16/02/2009 às 5:22 pm

    Cara, que triste >< mas confesso que ri absurdamente, você não tem idéia OIEJAOEIAEKAEOEAIAEKAEAOEIAEAEKEAOAEIEAKEAOAEIAEKEAEAOEIAEKEAPAEIAEAEKLAEPAEIOE pena que isso deve ser coisa do capeta ._.

  9. 9 Dani 16/02/2009 às 5:23 pm

    comentei no lugar errado, mas era do da namorada ;_;

  10. 10 Dani 16/02/2009 às 5:25 pm

    ah não, está certo eeeeeer, loira tsc ;_;


  1. 1 Crônicas de uma pegadora « Não chegamos a uma decisão… Trackback em 04/03/2009 às 2:35 am
  2. 2 Algumas rapidinhas não tão rapidas nem inhas. « Nerd Calculista Trackback em 12/05/2009 às 12:10 am
  3. 3 download xe88 apk Trackback em 27/06/2021 às 11:29 am

Deixe um comentário




Atualmente:

Música: Canção da Noite
Banda: Fresno
Livro: Sherlock Holmes
Série:
How I Met Your Mother

Destaques

Um rolê em Madureira: 918 e 919 nunca tiveram uma diferença tão grande na minha vida. Essa diferença somado com a insano desejo do destino de me foder, causou uma peripécia de tremer as cuecas.

Ensino Médio deturpando sonhos:

Apesar do Ensino Médio ser repleto de conhecimentos babacas os quais nunca terão a menor utilidade em nossas vidas, ele pode desmentir algumas informações as quais fizeram você acreditar ser verdade por toda sua vida.

Adão era digno de respeito: Além de não precisar usar cuecas e dar a primeira bimbada da história, Adão ainda não precisa viver momentos constrangedores pelo fato de existir outras pessoas no mundo. Porque falamos tanto de Jesus tendo um herói bíblico desses?



Para ler mais dos textos menos piores do blog, clique aqui.

RSS Twitter

  • Ocorreu um erro. É provável que o feed esteja indisponível. Tente mais tarde.

Gostou de um texto?

Mande para o Uêba

Ou pro LinkLog

Ou pro Ocioso.

  • 687.963 visitas